25 mar 2011
Terça-feira, 22/03/2011, 07h49
A direção da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras (Aimex), principal entidade representativa do setor florestal madeireiro do Pará, classificou como equivocada a posição exposta pelo ex-secretário de Meio Ambiente do Estado, Walmir Ortega. Em entrevista à revista Carta Capital, em parte reproduzida pelo DIÁRIO, o ex-secretário jactou-se de haver, durante o tempo em que permaneceu no cargo, liberado um volume muito pequeno de madeira para extração de planos de manejo florestal.

Para o diretor técnico da Aimex, Guilherme Carvalho, o desabafo de Ortega, que dirigiu a Sema no governo Ana Júlia Carepa, tenta fazer acreditar que a demora na liberação do licenciamento ambiental de um empreendimento é sinônimo de boa gestão ambiental. Durante os dois anos e meio em que esteve à frente da Sema, Ortega diz ter liberado pouco mais de 100 mil metros cúbicos de madeira de planos de manejo.

COMPETITIVO

O diretor chama atenção para o fato de que, num mundo cada vez mais competitivo, o setor produtivo do Pará não tem outra saída que não ser competitivo. “Não por opção, mas por imperativo da própria sobrevivência”. Isso não quer dizer, conforme frisou, que o órgão ambiental deva negligenciar a legislação para permitir o licenciamento ambiental. “O que é necessário é que o gestor tenha comando e seja eficiente na gestão do órgão ambiental e de seus comandados, o que não ocorreu na administração do ex-secretário”.
O diretor da Aimex admitiu, a título de ressalva, que a deficiente infraestrutura da Sema, subdimensionada para atender o grande volume de processos, cooperou também para ampliar os obstáculos enfrentados pelo setor produtivo. Ressaltou, porém, que a insatisfação com a Secretária de Meio Ambiente sob a administração de Ortega, sobretudo com o excesso de burocracia, não foi exclusividade do setor florestal madeireiro, mas de todos os segmentos da economia paraense.

“A insatisfação foi unanimidade entre os representantes dos segmentos de mineração, siderúrgica e metalurgia, madeira e celulose, pesca, fruticultura, cosméticos, pecuária leiteira e de corte, grãos e alimentos em geral”. O que serviu de contraponto, segundo ele, foi a atuação do Fórum Paraense de Competitividade, na época sob a coordenação do então secretário de Desenvolvimento, Maurílio Monteiro.
“O fórum atuou como instrumento de política de desenvolvimento do Pará. Seu trabalho foi positivo, permitindo um diálogo permanente entre governo, iniciativa privada e trabalhadores, objetivando somar forças para superar entraves, ampliar a competitividade e fortalecer a economia paraense”.

Para Carvalho, Ortega sustenta uma visão equivocada de que boa gestão ambiental se faz com demora na liberação dos processos, fato este que resultou, durante sua gestão, no baixo volume de madeira liberada de projetos e provocou uma grave crise de suprimento de matéria-prima para a indústria madeireira. Esse fato, lembrou ele, levou inclusive o Dieese a diagnosticar o maior índice de desemprego já registrado no setor no Pará. Para o diretor, mesmo com essas medidas restritivas, que agora tenta capitalizar como virtude, Ortega não foi capaz de evitar a aprovação de projetos de manejo fraudulentos, de impedir o tráfico de influência e muito menos de conter o lançamento de créditos fictícios de madeira no sistema Sisflora. “Muitos membros de sua equipe foram alvos de denúncias sob suspeita de desvio de conduta”.

O diretor adverte que o setor produtivo não pode mais conviver com a situação. “Se o governo do Pará quiser manter o setor produtivo e incentivar a vinda de novas empresas, será preciso fortalecer a Sema. Para combater a corrupção, é preciso transparência e, para que isso ocorra, é primordial reestruturar a secretaria. O governador Simão Jatene foi eleito com um discurso modernizador, e o momento de colocá-lo em prática é agora”. A reportagem buscou contato, por telefone, mas não conseguiu falar com Walmir Ortega. (Diário do Pará)

Fonte: Diário do Pará.

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Marcos Giongo
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