27 lug 2009
27/07/09

Em meados do ano passado, a indústria de papel e celulose preparava o início de um novo ciclo de investimentos no País, concentrando em quatro anos, de 2009 a 2012, projetos que somavam R$ 23 bilhões. Atropelado pela crise, o setor interrompeu três grandes empreendimentos que estavam saindo das maquetes, e viu minguar praticamente à metade o plano de expansão que, num cenário otimista, ficará em R$ 12 bilhões.

Pelos cálculos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a retomada dos projetos não deve ocorrer em menos de dois anos. Das três fábricas devolvidas às pranchetas, duas eram investimento da Aracruz Celulose: a nova unidade de Guaíba, no Rio Grande do Sul, de construção de uma planta ao lado da primeira; e Veracel II, em Eunápolis, na Bahia, uma parceria com a finlandesa Stora Enso. A terceira, Losango, no Rio Grande do Sul, era um investimento projetado pela Votorantim Papel e Celulose (VCP).

O caso mais emblemático é o da duplicação da fábrica de Guaíba. O projeto, de R$ 5 bilhões, estava com pedido de financiamento em fase final de tramitação no BNDES quando foi abortado pela empresa atingida em cheio por uma superexposição em derivativos cambiais quando a crise global explodiu. No ano passado, a empresa amargou prejuízo de R$ 4,2 bilhões por causa da operação Na semana passada, anunciou seu primeiro lucro trimestral, depois de três períodos de prejuízos consecutivos. A direção da empresa não quis falar à reportagem sobre as novas perspectivas, mas não há apostas no mercado sobre retomada de investimentos.

"Depois da crise, o único grande projeto do setor que se manteve foi o de Três Lagoas. Mas, nesse, a VCP não podia retroceder, porque 80% da obra já estavam concluídos", diz André Biazus, chefe do departamento de Papel e Celulose, da área de Insumos Básicos do BNDES. A obra começou a operar em março deste ano, em Mato Grosso do Sul. O governo do Estado abriu mão da arrecadação de 90% do ICMS para garantir o investimento, planejado há mais de dez anos.

O pior da crise parece ter passado. Nos meses que marcaram o fim de 2008 e o início de 2009, os estoques de celulose nas fábricas, que em períodos de normalidade passam, em média, 30 dias, chegaram a 50, segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). "Hoje, esses estoques já estão praticamente nos níveis médios. Mas é preciso avaliar todo o contexto internacional: fábricas foram fechadas e há um movimento de reorganização do mercado. Acreditamos que o Brasil terá um importante papel nesse novo contexto", diz Elizabeth de Carvalhaes, presidente da entidade.

Bastante intensiva em capital, a indústria de celulose e papel cresce aos saltos, com grandes projetos e intervalos para essas fábricas chegarem ao nível máximo de ocupação da capacidade. A decisão de investir começa em média seis anos antes da construção da unidade propriamente dita, com a plantação da floresta de eucaliptos que vai abastecer a usina. No último dia 14, a Suzano Papel e Celulose, uma das gigantes do setor, anunciou parceria com a Vale que inclui a compra de 84,7 mil hectares de terras da mineradora no Maranhão, parte da área já com eucaliptos plantados, por R$ 235 milhões. O presidente da Suzano, Antonio Maciel Neto, anunciou o início de uma unidade de celulose no sul maranhense em 2013 e outra fábrica no Piauí em 2014. "Vamos mais do que dobrar nossa produção anual", disse.(AE)

Fonte: Cruzeiro On Line

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Marcos Giongo
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