As florestas de Moçambique
Tabela 1: Cobertura florestal em Moçambique
Tipo | Descrição | Área (há) | % |
HF1 ou 1.1 | Floresta alta (high forest) fechada[1] | 171.734 | 0.22 |
HF2 ou 1.2 | Floresta alta medianamente densa[2] | 231.419 | 0.29 |
HF3 ou 1.3 | Floresta alta aberta[3] | 254.167 | 0.32 |
Total HF | 657.320 | 0.83 | |
LF1 ou 2.1 | Floresta baixa (low forest) fechada | 1.005.675 | 1.27 |
LF2 ou 2.2 | Floresta baixa medianamente densa | 3.007.213 | 3.78 |
LF3 ou 2.3 | Floresta baixa aberta | 6.892.650 | 8.67 |
Total LF | 10.905.538 | 13.72 | |
3.1 | Matagal (thicket) fechado | 8.172.542 | 10.28 |
3.2 | Matagal medianamente denso | 10.737.724 | 13.51 |
3.3 | Matagal aberto | 15.540.747 | 19.55 |
Total Tipo 3 | 34.451.013 | 43.34 | |
4.1 | Savana arbórea (wooded grassland) | 15.417.450 | 19.4 |
4.2 | Savana arbórea aberta | 4.696.907 | 5.91 |
Total Tipo 4 | 20.114.357 | 25.31 | |
M – Mangais | 396.080 | 0.50 | |
Outras áreas (incluindo agricultura) | 12.952.725 | 16.30 | |
| |||
Total | 79.477.032 | 100 |
Fonte: Saket, 1994
As áreas classificadas como floresta com capacidade para produção de madeira são as dos tipos 1.1/2/3, 2.1/2/3 e 3.1, que perfazem um total de 19.735.400 ha ou 24% do território nacional. Estes tipos florestais estão principalmente concentrados nas províncias de Sofala, Zambézia, Niassa, Nampula e Cabo Delgado.
Segundo o PROAGRI (1997), dos quase 80 milhões de ha que formam Moçambique, aproximadamente 48 milhões de hectares possuem cobertura florestal. Desta área, cerca de 10 milhões de hectares estão declarados como áreas protegidas (12,6% do território), 12 milhões de ha constituem as florestas produtivas com bom potencial para concessões florestais (15% do território) e os restantes 26 milhões de hectares são classificados como áreas de uso múltiplo, com potencial para maneio extensivo dos recursos florestais.
O inventário nacional estimou um incremento anual de 1,195 milhões de metros cúbicos ao ano de madeira com diâmetros (DAP) superiores a 25cm, e cerca de 500 mil m3/ano para diâmetros superiores a 40 cm. O stock total de crescimento nos tipos florestais considerados madeireiros foi estimado em 503 milhões de m3, sendo cerca de 68 milhões de m3 para DAP>25 cm, e 22 milhões de m3 para DAP > 40 cm.
A vegetação de Moçambique pode ser classificada da seguinte forma simplificada (Costa, 1996):
§ Florestas sempreverdes de montanha
§ Florestas de miombo
§ Povoamentos de mopane
§ Povoamentos de cimbirre
§ Savanas com predominância de espinhosas
§ Pradaria ( ticket)
§ Mangais
§ Outras florestas ou formações em mosiaco
As florestas de miombo consistem no tipo de vegetação predominante no país, ocorrendo sobretudo no norte do país. Este tipo de vegetação estende-se desde o extremo norte até ao rio Limpopo podendo ser intercalado com a vegetação costeira e as florestas do vale do Zambeze.Os mangais da costa oriental de África, nos quais estão incluídos os mangais da zona costeira de Moçambique foram considerados como “florestas vulneráveis” pelo WWF.
As florestas do país encontram-se sujeitas à exploração florestal descontrolada no qual predomina o sistema de extracção com base em licença simples, sendo a lenha, produção de carvão, produção de toros e madeira os principais produtos.
1.2 O desmatamento
A taxa de desmatamento a nível nacional num período de 18 anos – entre 1974 e 1992 foi estimada em 4,27% (0,23% ao ano), apesar de que em certas províncias, como é o caso de Maputo, esta taxa foi substancialmente mais alta (19 % no período, ou 1,1% ao ano). O período estudado foi caracterizado por baixo desempenho económico em todos os sectores produtivos. Esta tendência foi revertida a partir de 1994, quando a economia nacional passou a crescer a taxas de 7 a 10% ao ano. É muito provável que as taxas de desmatamento no período 1994 – 2002 tenham sido bem mais altas que as do período estudado anteriormente. Por exemplo, para o período de 1990 a 1997 em alguns distritos seleccionados como importantes no abastecimento de combustíveis lenhosos e para produção agrícola foi estimado uma taxa média ponderada de desmatamento anual de 5.7%/ano. A conversão dos tipos florestais ( LF1, LF2 e LF3) para outros tipos de vegetação arbustiva com árvores dispersas ( WG, T) foi estimada em 4.4 %/ano. ( Monjane, 2000)
O crescimento da florestas
Maputo, Gaza e Inhambane ( região sul) – 0.58 m3/ha/ano
Manica, Sofala e Zambezia (região centro) – 1.61 m3/ha/ano
Nampula, Cabo Delgado e Niassa (região norte) - 1.36 m3/ha/ano
Costa (1986) relata que as plantações de Afzelia quanzensis e Pterocarpus angolensis de Michafutene alcançaram um incremento médio anual de 0.25 m3/ha/ano para a chanfuta ( Afzelia quanzensis) e 0.76-1.17 m3/ha/ano para a umbila (Pterocarpus angolensis).
Dados derivados de medições efectuadas em 1993 na Estação Experimental de Sussundenga em espécies nativas plantadas individualmente ou em mistura estabelecidas em 1960 revelaram um incremento médio anual entre 1.1 m3/ha/ano a 7.7 m3/ha/ano (Nakala, 1997).
Resultados preliminares de 4 parcelas permanentes estabelecidas em áreas de exploração florestal de Barué-Manica mostraram que mais de 94% das árvores tiveram um incremento anual diamétrico entre 0.0 e 1 cm/ano. As espécies do estrato superior obtiveram um incremento mediano maior ( 0.37 cm/ano) enquanto que as espécies do estrato inferior apresentaram o menor incremento diamétrico - 0.24 cm/ano. (Sitoe, 1999)
Com base nos dados de campo, ainda que escassos, é possível observar que o crescimento das florestas nativas do país é lento, principalmente se comparado com os incrementos obtidos nas plantações de espécies exóticas de rápido crescimento ( 8 m3/ha/ano a 15 m3/ha/ano). Por outro lado, é este crescimento lento que proporciona qualidade excepcional à madeira das espécies nativas cuja densidade básica das principais espécies preciosas e de primeira classe varia de 636 a 1330 kg/m3 ( Tabela 2)
Tabela 2 – Densidade das principais espécies comerciais do país
Nome comercial | Nome científico | Classificação | Diâmetro mínimo de corte | Densidade normal a 12% ( Kg/m3) |
Pau-preto | Dalbergia melanoxylon | Preciosa | | 1330 |
Pau- rosa | Berchemia zeyheri | Preciosa | | 1023 |
Chacate preto | Guibourtia conjugata | Preciosa | | 1110 |
Sandalo | Spirostachys africana | Preciosa | | 1022 |
Jambirre | Millettia stuhlmannii | 1a classe | | 825 |
Chanfuta | Afzelia quanzensis | 1a classe | | 792 |
Umbila | Pterocarpus angolensis | 1a classe | | 636 |
Mecrusse | Androstachys Johnsonii | 1a classe | | 880 |
Umbaua | Khaya nyasica | 1a classe | | 697 |
Pau-ferro | Swartzia madagascariensis | 1a classe | 30 | 1112 |
Monzo | Combretum imberbe | 1a classe | 40 | 1229 |
Mucarala | Burkea africana | | | 885 |
Messassa encarnada | Julbernardia globiflora | 2a classe | | 863 |
É também a densidade das espécies nativas o principal argumento para a exportação em toros uma vez que no país não existe a tecnologia e incentivo necessário para a serragem e transformação das espécies de maior densidade.
Fonte: Estratégia de Capacitação na área de Certificação Florestal, UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE,
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