Biocombustível agrava aquecimento global e desmate no Brasil, diz estudo
da France Presse, em Washington
Destruir ecossistemas naturais, como a floresta amazônica brasileira, para dar lugar a cultivos destinados à produção de biocombustíveis apenas agrava o aquecimento global, afirmam pesquisadores norte-americanos.
"Se nós estamos tentando limitar o aquecimento global, é um absurdo desmatarmos para produzir os biocombustíveis", afirmou Joe Fargione, um pesquisador do Nature Conservancy, uma das mais importantes organizações privadas de proteção do ambiente, um dos autores do estudo.
Segundo dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em 23 de janeiro, foram desmatados cerca de 7.000 km2 da floresta amazônica brasileira nos últimos cinco meses de 2007. As culturas de soja e cana-de-açúcar teriam papel importante, porém indireto no desmatamento, ao ocuparem áreas de pasto e empurrarem a pecuária para a Amazônia.
No estudo divulgado nesta quinta-feira (7), os cientistas americanos explicaram que o forte aumento da demanda de etanol de milho nos Estados Unidos provoca a destruição crescente da floresta amazônica no Brasil.
Isso porque, para responder à demanda do etanol, os agricultores dos EUA pararam de alternar os cultivos de milho com as de soja. Desta forma, os brasileiros precisam produzir ainda mais soja para atender à demanda mundial. Isso acaba por afetar as florestas virgens, afirmam eles.
Sem exceção
"Todos os biocombustíveis que utilizamos atualmente promovem uma destruição da natureza, direta ou indiretamente", afirmou Fargione.
"A agricultura mundial já produz alimentos para seis bilhões de seres humanos e aumentar a produção de biocombustíveis forçará a antecipação do desmatamento de superfícies naturais para plantações", acrescentou o pesquisador.
O volume de CO2 encontrado na atmosfera oriundo da derrubada de florestas virgens, savanas, turfeiras ou estepes ultrapassa o volume de CO2 que não é emitido graças à utilização de biocombustíveis. Sendo assim, o desmatamento seria ainda menos favorável ao ambiente do que a não utilização dos biocombustíveis, afirmaram os cientistas, em estudos publicados na revista "Science".
Balanço
Os desmatamentos para o cultivo do milho ou da cana-de-açúcar, a partir dos quais se produz etanol ou ainda da soja para biodiesel, são responsáveis por volumes de emissões de CO2 de 17 a 420 vezes maiores que a redução anual resultante da substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis, calcularam pesquisadores.
O carbono retido nas árvores e plantas derrubadas, assim como no solo onde estavam estes vegetais, é lançado à atmosfera em forma de CO2, em um processo que pode demorar muitas décadas, talvez séculos, segundo eles.
Os pesquisadores estimaram que, na Indonésia, onde as turfeiras foram derrubadas para cultivar palmeiras de óleo a fim de produzir biodiesel, seriam necessários 423 anos antes que este biocombustível tivesse uma contribuição positiva na redução das emissões de CO2.
"Os governos não só não utilizam um sistema para encorajar os proprietários a limitarem as emissões de CO2 como também lhes oferecem incentivos financeiros para terem plantações destinadas a produzir biocombustíveis", afirma Stephen Polasky, professor de economia na Universidade de Minnesota, um dos co-autores deste trabalho.
"Incentivar o aumento da retenção do carbono pela natureza ou penalizar as emissões de CO2 oriundas de culturas é essencial para responder com seriedade a este problema", segundo ele.
Os autores do estudo ressaltam, no entanto, que alguns biocombustíveis não contribuem com o aquecimento global porque deixam intacto o ambiente.
Eles citam os biocombustíveis obtidos a partir de dejetos agrícolas e florestais, como pedaços de madeira e como plantas herbáceas que são objeto de inúmeras pesquisas.
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